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domingo, 1 de novembro de 2009

Sonho quer voar.

  Pequeno pedaço de sonho quer aprender a voar. Na sua primeira tentativa acaba caindo em lugar desconhecido e corre. Chega em um lugar estranho onde pequenas montanhas coloridas de tecido subiam e desciam abundantemente. Estranhas árvores de cimento branco fechavam o quarto em quatro paredes altíssimas. Pobre Sonho, corria rápido pela madeira do chão enquanto quatro monstros horríveis se aproximavam. A montanha mais alta era presa ao chão por quatro pés e um vão abria-se embaixo dela, ficar ali parecia ser seguro.
  Quando acordei assustada pela música que tocara no aparelho, estranhei o movimento de gatos pelo meu quarto, apontavam todos seus focinhos e patas para minha cama e resolvi dar uma olhada. Um pequeno passarinho me olhava assustado com olhos arregalados de terror. Estiquei a mão na vaga tentativa de aconchega-lo. Era cedo e fazia frio e meu coração desejava com todas as forças cuidar daquele Sonho indefeso. Quando consegui segura-lo nas mãos piou alto e agudo como se chamasse sua mãe em desespero. Me apressei em deixa-lo confortavel e ele logo se acalmou. Segui em direção a arvore do jardim onde eu acreditava que estaria seu lar. Não estava. Ainda calma rodeei o jardim e não encontrei nem ninho nem outro passarinho que pudesse me dar algumas informações. Parei e olhei a bola de penas que dormia tranquilamente em minhas mãos. Derreti. Como poderia não me apaixonar por um pequeno sonho ao meu alcance? Não tive mais nenhum ideia do que fazer e fiquei apenas a apreciar aquele Sonho. Foi quando ouvi um som. Olhei em volta e em cima do muro havia um pássaro igual ao Sonho, só que em proporção maior. "Deve ser mamãe" falei baixinho na orelha do pequeno passarinho. Ele, continuou dormindo, parecia gostar daquele calor extraterrestre que minhas mãos lhe proporcionavam. Corri em direção a mãe dele, mas ela não gostava de minha companhia e sempre ia mais longe. "Por favor! Não fuja, seu filho está aqui! AQUI!" Falava. De nada adiantava, mãe de Sonho não cessava o canto de chamar e implicava em fugir de mim. Apesar de tudo, tive de desistir. Não conseguia chegar perto da mãe que estava cega de terror. O Tempo não quis me esperar e andava calmamente além de mim, cada vez mais longe. Sabia eu que se não o alcançasse logo não conseguiria cumprir o dia. Deixei pequeno sonho no chão e corri. Antes de desaparecer pelo caminho olhei para trás e vi Sonho parado, sem mexer uma pena. Quando foi possível voltar, corri aos fundos de casa a procura-lo. Estava parado, segurei-o nas mãos e olhei bem. Não mais descansava na mão e me torturava com um olhar de desespero, fome, solidão e tristeza. Pobre criança, não podia comer nem beber. Desabei com o pobre passarinho nas mãos, não teria chances de voar. O sonho de Sonho não poderia se realizar e nada restava fazer a não ser esperar que algo de bom acontecesse. Sonho descansou em um pequeno ninho improvisado por mãos Extraterrestres. Estava ofegante, na tentativa de tomar todo o ar possível. Ele sabia do futuro, sabia o que ia acontecer. Na manhã seguinte ao visitá-lo descobri que Sonho voou. SONHO VOOU! Voou alto, voou pra longe! Voou, para tão longe, que não foi possível levar o corpo junto.

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