Compartimentos

sábado, 6 de março de 2010

Medo.

E um clarão no céu. Seguido por um estrondo pavoroso. E algo se encolhe por dentro. Como quem quer se esconder num lugar longe dali mas não pode. A vontade de sair correndo é enorme. Correr para os braços de alguém que te ama só pra ouvir ela dizer que já vai embora. Só pra ouvir ela te acalmar dizendo que ele não vai te fazer nenhum mal. Mas agora, não tem braço que me abrace pra dizer tudo isso. Quem poderia fazer isso está longe e eu tenho medo. Um medo que muitos consideram infantil, mas que para mim é pavoroso. Quero tapar os ouvidos. Eu tapo. Mas os barulhos são tão altos que as mãos nas orelhas não fazem efeito. E o céu brilha, brilha como se fosse o fim do mundo. E eu paro de respirar. Na incerteza de que essa luz não vai me pegar. No desespero de ter isso por perto, e mais perto, e mais perto. Cada vez mais perto, mais alto, mais claro, mais horrível.  E eu não sei mais para onde ir. Para onde fugir. Fugir desse lugar que estoura. Fugir desse monstro horrível que corre atrás de mim pra me assustar. Já estou assustada me deixa. Já estou chorando, pare. Pare, por favor. Pare. PARE. Pare com isso. Chega. Me tirem daqui. Me levem pra longe desse lugar. Não quero morrer por favor. Por favor. Me abrace agora. Só isso. Só me abrace e diga que já vai embora. Por favor, me abrace forte e me diga que é só um trovão e que já vai embora.

(A autora desse texto tem realmente um horrível medo de trovões)

3 comentários:

  1. Tudo bem... Cada qual com seu medo. Eu tinha muito medo de aranhas, agora meus medos se resumem a coisas imateriais.
    Romantizar seu medo é uma forma interessante de mostrar que não é uma coisa qualquer, não é um detalhe inventado, gostei :]

    ResponderExcluir
  2. sua sinceridade em palavras sempre me trazem a pureza que tras sempre consigo. Meu doce amor, perdão por não estar com você, pra te abraçar, sussurrar palavras e proteger teu corpo em meus braços, meu peito, até que os trovões maus vão embora, pois estava distante perdido entre minhas próprias torrentes de chuvas, luzes e sons... É tão LINDO ver seu rosto de sincero temor pelos raios que maltratam o tempo lá fora, é tão lindo ver teus olhos brilhando e ansiando pelos meus, pra te dar forças pra suportar o que tanto te enfraquece. Te Amo! Muito!
    Que os trovões maus e assustadores que te amedrontam sejam não mais que luzes a iluminar nossas noites de chuva, juntos ^^

    ResponderExcluir
  3. colocar medo em poesia, bonito!

    ResponderExcluir